Antes de entrar na faculdade, tinha um punhado de amigos daqueles que são tão amigos tão amigos que achava que nunca os iria perder. Posso-me gabar de os ter mantido. Mas entre os meus amigos, destacam-se quatro que me acompanham desde muito cedo, e que tropeções e tempestades nunca conseguiram afastar. Estes tenho a certeza que são para a vida, sem pensar duas vezes. A estes vejo-os no meu futuro e sinto-me parte do deles.
A minha vergonha (não será a melhor palavra, mas terá de servir) está neles. Destes quatro, três formam uma espécie de mini-grupo comigo em que todos nos completamos de alguma forma uns aos outros, a outra está separada deste grupo. E é a única que sabe de uma parte tão substancial de mim como a sexualidade, e também a única que sabe de uma coisa tão substancial de mim como o meu amor. Fico desiludido comigo por só ela saber (fora mais algumas pessoas, mas já da faculdade e amig@s comuns de nós dois), mas não sou capaz de falar com os outros. Destes três, apenas posso dar a certeza de uma que não iria mudar em absolutamente nada a sua postura perante mim. E é com ela que mais me assusta partilhar. Não concebe a sexualidade como algo a esconder, e isso infelizmente significa que muito provavelmente não vai fazer disso um segredo. Fez questão de me azucrinar a cabeça para ir à marcha do orgulho gay hoje com ela, e fez questão de debater comigo durante três quartos de hora telefónicos todos os aspectos da sexualidade humana. Hetero mais descomplexada é difícil. Mas a simples ideia de lhe contar a ela e de ela contar a mais alguém dá-me arrepios, do dente do áxis à ponta do cóccix. Não estou, de forma alguma, pronto para sair tão radicalmente do armário. Mas, por outro lado, sinto-me podre por ter de andar a aldrabar os meus melhores amigos, aqueles que se mantiveram ao meu lado desde que éramos putos e brincavamos no café da esquina depois das aulas, com quem segredava "este gosta daquela mas ela gosta do outro", e imagine-se, com quem descobri a definição de "orgasmo", "ejaculação" e "virgem". Esconder-lhes tanta substância de quem sou roi as arestas da nossa tão preciosa amizade, mas é por uma boa causa...
...certo?
...certo?
(já agora, vamos ver se damos um pulinho à 5ª Marcha do Orgulho LBGT, pelo menos assistir que a gente é nova nisto do activismo. e logo á noite, festa que promete ser outro bailhamedeus!)
Tino
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